quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Entrevista com o Presidente da “Associação Oficina Roda Terra”

Gustavo, nos explique a diferença entre “Associação Oficina Roda Terra” e o “BGB-Bonecos Gigantes de Brazópolis”.

O primeiro projeto nosso foi o BGB – Boneco Gigantes de Brazópolis- que existe desde 2001, mas até 2004 não existia uma pessoa jurídica para tomar conta deles, daí surgiu a Associação Oficina Roda Terra.

A Associação Oficina Roda Terra, da qual sou presidente, tem uma diretoria constituída desde 2004, com CNPJ e em dia com todas as obrigações, certidões negativas, municipais , estaduais , federais, ISS, etc....

Ela é uma entidade particular, sem fins lucrativos.

Com isso podemos captar verbas junto ao município, estado e união. Então a associação é uma gestora cultural que foi criada para captar recursos e desatar nós e imbróglios, para melhorar a cultura de Brazópolis.

Qual foi o primeiro incentivo financeiro que a Associação conseguiu, e quando a Associação foi para o prédio do Operário?

Em 2007 e 2008 conseguimos uma verba para fazer o Programa de Capacitação em Teatro de Bonecos de Animação. Foram R$ 160.000. Nesta época já estávamos na sede do Clube Operário que já estava desativado há muitos anos.

Que destino vocês da Associação, querem dar ao prédio do então extinto Operário?

Um dos nossos objetivos é que ali se transforme em um Centro Cultural e a sede do BGB. Os bonecos ficarão expostos para a visitação pública para os brazopolenses e turistas. A Associação faria a gestão cultural desse espaço. Qualquer atividade cultural da cidade poderá acontecer lá.

Por exemplo?

Brazópolis é uma cidade extremamente cultural e ao mesmo tempo não tem um lugar específico para manifestações culturais como apresentações de teatro, como o TAB, apresentações do Coral, bandas musicais, cursos de teatro ou dança, saraus, capoeira, ensaios de bandas, dos bonecos gigantes. Enfim, qualquer manifestação cultural que necessitar de um espaço que funcione o dia todo, vai encontrar lá. O espaço será para atender a toda a comunidade na área cultural.

Alguém sugeriu que fosse construído um barracão no Parque de Exposição para a Associação e para o Bloco. O que acha disso?

Acho inviável pela distância. Fica difícil para as pessoas que querem visitar os bonecos e também para os turistas. Os meninos que fazem as oficinas correrão riscos por caminharem pelo asfalto e o mais difícil será a segurança dos Bonecos, que ficarão sem nenhuma segurança lá, principalmente à noite.

Para que esse projeto dê certo, a Associação vai precisar de funcionários como secretárias, faxineiros, etc... Será preciso manter o prédio, pagar os impostos, água, luz, etc... Quem arcará com estas despesas?

Quem irá pagar as despesas, manter o imóvel certinho, arrumado, pintado, com tudo o que é preciso e dentro das normas exigidas pelo Corpo de Bombeiros e Defesa Civil será a Associação Oficina Roda Terra. O que queremos é união e que todos saibam que ali será feito um projeto cultural, não para a Associação e nem para mim, Luiz Gustavo Ribeiro Noronha, mas um projeto cultural para Brazópolis. Não iremos nos agregar com ninguém independente de credo, partido político, raça, cor ou classe social. Ali será um espaço aberto a todos os tipos de manifestações culturais. Vamos captar verbas para trazer grupos de fora, da região, mas principalmente dar oportunidade e valorizar nossos artistas nativos.

Vocês estão fazendo um abaixo-assinado pedindo o apoio da população para que vocês permaneçam na sede do extinto Clube Operário. Vocês têm conseguido apoio?

Sim, a população está animada com a idéia e já temos muitas assinaturas, inclusive de autoridades e pessoas do meio cultural. O Clube Operário já deveria estar desativado há muitos anos porque reza em seu estatuto que se o Clube tiver menos de 20 sócios em dia com as mensalidades, não existiria mais.

Segundo o que o Vereador Péricles Pinheiro disse em reunião de Câmara, nesta terça-feira, o Clube têm uma dívida por volta de R$ 940.000. Se vocês conseguirem esse objetivo de ficarem lá, como saldarão essas dívidas?

Não posso lhe responder sobre isso. Mas se o Clube está em dívida ao longo de anos é porque ele já deveria ter sido dissolvido. A meu ver, esta dívida, já que são impostos atrasados, é do povo, e quem vai ser prejudicado é o povo. Por isso acho que o povo deve se manifestar opinando sobre se devemos ficar lá, se devemos sair, ou se o Clube irá a leilão. É uma questão bem delicada, mas estamos dispostos a sentar, conversar, unir forças para que aquele imóvel não se perca. Mas que quem vai decidir isso é a justiça.

O prédio do Clube, em tanto mau estado, como foi dito e com uma dívida que está por volta de R$ 940,00 vai ter que ser vendido por uma fortuna, para saldar as dívidas e ainda por cima o comprador terá que reformá-lo...

Neste caso acho que o prédio acabará demolido, infelizmente. Mas repito: Isto é com a justiça.

Se vocês conseguirem que o prédio passe para a Associação Oficina Roda Terra, como pretendem arrumar verbas para as reformas que o prédio precisa?

Graças aos esforços e persistências de todos nós, dentro desses 10 anos, pela primeira vez a Associação vai ter sobra de caixa. Muito pelo Projeto da Petrobrás que nos divulgou em 53 cidades do Estado de Minas. Então, neste carnaval tivemos uma procura muito grande de cidades para desfilar, até mesmo após o período do carnaval. Isto nunca aconteceu antes do patrocínio da Petrobrás.

Então agora vocês já começam a colher os frutos?

Sim, agora estamos conseguindo caminhar por nossas próprias pernas. Os BGB serão o nosso carro chefe, nossa galinha de ovos de ouro.

Através dos Bonecos vão entrar recursos para a Associação. E cada verba que entrar será revertida para a reforma do prédio e projetos culturais.

A Associação já tem esses projetos?

Quando tudo estiver legalizado e o espaço estiver em nome da Associação. Temos o projeto arquitetônico. Não será mais projeto de combate a incêndio porque o projeto de combate a incêndio é para depósito. Hoje ainda estamos na categoria “ J2”, que é o código para depósito para todo tipo de matéria, mas quando formos fazer o centro cultural vamos reformar tudo. Fazer uma cabine de luz, tirar as coxias para dar mais espaço no palco, aumentar o pé direito, fazer camarins.

O projeto arquitetônico já foi feito. E não fica tão caro não, é bem viável.

O fato da associação não ter prédio próprio atrapalha muito?

Em 2007 e 2008, pudemos ministrar vários cursos gratuitos para a população. Trouxemos bons professores, revelamos vários talentos, a própria “D. Cotinha”, esse personagem que tanto faz sucesso, nasceu ali, em um dos cursos.

Muitos outros trabalhos interessantes saíram de lá.

A verba para estes cursos vieram do Fundo Estadual de Cultura.

A oficina tem um projeto que foi aprovado pela lei de incentivo, mas a falta de espaço próprio atrapalhou. Foi assim mesmo?

Nós temos o ECORT – Projeto Espaço Cultural Oficina Roda Terra – que fiz em 2007 e foi aprovado pela lei de incentivo. Consegui um valor de R$ 100.000,00 renúncia fiscal, ou seja, o Estado de Minas Gerias, abre mão deste valor em impostos de empresas para que sejam revertidas ao Centro Cultural. Só que não conseguimos nenhuma empresa aqui ou na região porque toda empresa perguntava de quem era o espaço, quando dizia que era de outra entidade, acabava não dando certo. Estão nos acusando de não reformar o prédio, mas reformar como, se amarraram nossas mãos? Como poderíamos fazer melhorias em um prédio que não é nosso?

Vamos supor que vocês consigam o prédio para a Associação. Vamos supor, novamente, que daqui a 5, 10 anos a Associação acabe, se dissolva. O que será do prédio? Com quem ficará?


O estatuto da Associação Oficina Roda Terra rege que, se não for eleita diretoria de 2 em 2 anos a Associação acaba e todo o patrimônio deverá passar para uma instituição congênere, outra entidade cultural.

E se vocês não conseguirem o prédio?

Tudo é conversado. Podemos até fazer um teste, entrar em um acordo. Podemos ficar lá em regime de experiência por 5 ou 10 anos.se neste período não gostarem, passa-se o prédio para outra instituição. Por isso pedimos um voto de confiança da população, das autoridades.

Mas se nada disso der certo, não sei o que faremos. O certo é que não temos para onde ir.




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